Aparelhos dentários enfeitados têm futebol e Romero Britto
Dica: Bem Estar
Pinturas no estilo de Romero Britto, motivos florais ou escudos de times de futebol são algumas das imagens que estampam os aparelhos ortodônticos produzidos pelo técnico em prótese dentária Anderson Castro Magalhães. Recentemente, uma foto do aparelho "à la Romero Britto" fez sucesso ao ser compartilhada diversas vezes no Facebook.
Anderson, que tem 33 anos e trabalha há 15 com aparelhos dentários, conta que resolveu apresentar um produto diferenciado para os dentistas e ainda aproveitar o talento da mãe, que pinta quadros, e do irmão, que é tatuador. “Tive essa ideia faz um mês: faço o aparelho como se fosse uma tela e dou para minha mãe ou para o meu irmão pintarem. Depois, completo o aparelho com resina”, conta.
Dessa forma, a pintura fica entre duas camadas da resina comumente usada nos aparelhos. “É um diferencial para quem gosta de arte”, diz Anderson. Ele lembra que os aparelhos ortodônticos devem ser prescritos por um cirurgião dentista e que, caso alguém se interesse por um aparelho decorado, deve conversar com seu especialista.
De acordo com o cirurgião dentista Marco Antonio Manfredini, secretário geral do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp), não existe nenhuma resolução que trate especificamente da questão estética do aparelho. Mas um cuidado que o conselho tem tido é combater o uso de aparelhos feitos e colocados sem a orientação de um profissional.
A moda de colocar aparelhos coloridos por conta própria, disseminada entre adolescentes, levou a entidade a deflagrar, em fevereiro, a “Operação Sorriso Colorido”. “A medida teve o objetivo de salvaguardar a saúde da população. Recebemos denúncias de vários casos em que houve até a perda de dentes em decorrência de aparelhos colocados por leigos”, diz Manfredini.
A operação levou à apreensão de materiais ortodônticos vendidos irregularmente e a um pedido para que a Anvisa passe a normatizar a comercialização desse tipo de material.
Flores e tatuagens
Anderson conta que as telas de flores e paisagens da mãe, Nilcéia de Castro, são conhecidas na região de Cachoeira Paulista, interior de São Paulo, onde ele mantém seu laboratório de próteses ortodônticas. O irmão, Fábio de Castro Magalhães, também é reconhecido por seu trabalho como tatuador. “Eles adoraram participar. Mas é um trabalho muito mais difícil. É diferente trabalhar na resina, onde a tinta não seca como na tela. Além disso, a curvatura do aparelho atrapalha muito.”
Sobre o sucesso na internet, Anderson diz que não esperava tanta repercussão e que, morando em uma cidade do interior, nunca imaginou que seu trabalho teria tanta visibilidade.
Os aparelhos ‘artísticos’ produzidos até agora são amostras com as quais Anderson pretende fazer um catálogo e distribuir para dentistas da região. Quando surgirem encomendas, a ideia é que a mãe se encarregue de pinturas florais e o irmão fique com os desenhos mais descolados e da moda.
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