Copo de transição pode levar ao sobrepeso
Dica: Crescer
Fazer a migração da mamadeira para o copo não é um processo tão fácil para algumas crianças, mas fundamental. Isso porque, segundo os médicos, o uso prolongado do acessório pode acarretar em problemas de peso já que ele faz com que a criança tenha uma ingestão acentuada de calorias de maneira passiva.
Nessa hora, muitos pais recorrem ao copo de transição, recipiente com tampa e bico achatado furadinho, que atua como intermediário até que a criança se acostume ao copo convencional. Mas atenção: um estudo publicado recentemente no The Journal of Pediatrics mostrou que essa troca não elimina o risco de sobrepeso.
Ao longo de um ano, pesquisadores do Albert Einstein College of Medicine, em Nova York, acompanharam cerca de 100 crianças de 12 meses, que consumiam, a princípio, mais de duas mamadeiras de leite ou suco por dia. As crianças foram divididas em dois grupos e apenas um deles recebeu copos de transição para auxiliar no processo de deixar a mamadeira.
Ao final do estudo, o grupo que recebeu os copinhos havia reduzido o uso da mamadeira e a quantidade de calorias ingeridas por dia, mas não houve queda no risco de sobrepeso. O motivo? Justamente o aumento do uso do copo de transição para oferecer líquidos à criança em substituição ao bico.
A simples troca da mamadeira pelo copinho não muda muito o volume de líquidos ingeridos, e o risco está justamente no consumo exagerado de proteínas – presentes no leite – e de água quando acompanhada de nutrientes – caso dos sucos, que podem ser bastante açucarados e calóricos. É o que explica Rubens Feferbaum, nutrólogo e professor livre docente em pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
“A mamadeira é um dispositivo perigoso em relação à obesidade porque a criança toma e não sente a saciedade. Mas usar um dispositivo de transição também não protege da obesidade, porque é apenas outra forma passiva de a criança receber líquido”, diz o médico.
O que fazer, então?
A recomendação ideal, segundo Rubens, é ir da mamadeira direto para o copo comum, em tamanho infantil e com bordas arredondadas. “O copo comum normalmente é menor que o copo de transição. Além disso, a criança tem uma maneira de segurar e de engolir muito mais ativa do que quando o líquido escorre passivamente através de uma mamadeira ou copo de transição”, alerta.
Caso a criança sinta muita dificuldade no processo, deixe o copinho de transição como exceção, e para ela tomar água apenas. Outra dica do especialista para estimular o seu filho é usar um copo plástico pequeno, daqueles usados para servir café. O médico reforça ainda que não há idade certa para fazer a migração, mas o ideal é que a partir de 1 ano a criança já esteja usando copos.
Outro ponto importante é controlar o que vai ser oferecido à criança, independentemente do recipiente usado. “Como a criança nessa idade ingere muito líquido, é preciso cuidado não apenas com o que ela come, mas também com o que bebe”, diz. “Oferecer muito suco e leite nessa fase é um passo para a obesidade, pois ela está recebendo nutrientes, não só líquidos, que podem ser exagerados. Para se hidratar ela precisa beber água.”
O especialista lembra que a obesidade é um problema complexo e que está ligado a um conjunto de fatores que não podem ser negligenciados, entre eles, a genética, os hábitos alimentares da casa e o gasto energético da criança.
Voltar