Os termômetros registram números abusivos e os homens lutam por seu bem-estar: por que não é permitido trabalhar de bermuda? O ano de 2014 começou batendo recordes no Brasil, pelo menos de calor. São Paulo e Porto Alegre fecharam o mês de janeiro com as maiores temperaturas já registradas pelo Inmet, o Instituto Nacional de Meteorologia: a capital paulista teve o mês mais quente da história climática desde 1943; Porto Alegre alcançou suas maiores temperaturas dos últimos 100 anos; e o já quente Rio de Janeiro também se superou, registrando sensação térmica de 57°C.
Enquanto tudo isso acontece, homens vestem suas calças, camisas, ternos e gravatas para irem ao escritório. Um inferno cotidiano de quem não tem o privilégio de passar o verão inteiro na praia e precisa enfrentar as ruas, o transporte público, o trânsito e ambientes de trabalho que muitas vezes não são abençoados com ar condicionado.
O Brasil é um país tropical que importou (para não dizer “copiou”) muitos dos seus hábitos e costumes de países europeus, que têm um clima completamente diferente. Foi necessário que os termômetros de diversas capitais registrassem temperaturas que beiram a ignorância para que o uso de bermuda no trabalho começasse a ser discutido com mais ênfase – tudo por conta da audácia de um funcionário público no Rio de Janeiro, que causou um rebuliço ao ir trabalhar com a saia da esposa, já que as bermudas são proibidas no escritório no qual ele é ilustrador.
O Bermuda Sim é m grande marco que abriu a discussão e pôs em destaque uma bela iniciativa que teve início em meados de 2013. a ideia surgiu de três jovens profissionais que começaram a questionar porque as pessoas são obrigadas a trabalhar de calça em um país tropical. “Por que as empresas ainda insistem em dress codes que nada tem a ver com o nosso clima? Em um país onde a sensação térmica ultrapassa os 50º no verão, por que não é permitido trabalhar de bermuda? Sim, bermuda”.
O movimento Bermuda Sim é uma campanha bem humorada que tem como objetivo mostrar que a roupa não influencia a postura profissional. É uma luta pelo bem-estar e qualidade de vida dos trabalhadores, independentemente da função ou classe social. Para se unir à campanha é bastante simples: basta entrar no site, enviar o e-mail do(a) chefe anonimamente e o Bermuda Sim entra em contato com ele(a) pedindo para liberar o uso da bermuda no local de trabalho. Até o fechamento dessa matéria já eram somados 15 mil e-mails enviados para chefes.
Através da campanha ou não, algumas grandes empresas e setores já permitiram o uso da peça de roupa, como a Totvs, uma programadora da Globo e a Prefeitura de Curitiba, que deu o aval aos motoristas de ônibus da cidade. Outras pequenas mudanças também já estão sendo notadas, como o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que liberou os advogados da obrigatoriedade do uso de terno e gravata.
Com mais conforto, os funcionários ficam mais produtivos – e talvez menos irritados, já que muita gente sofre de alterações de humor quando o calor incomoda demais (como esta que vos fala). Uma simples troca no modo de vestir também pode ser econômico e mais sustentável – com as pernas de fora, os aparelhos de ar condicionado não precisam trabalhar tanto, reduzindo a conta elétrica das empresas e contribuindo para a sociedade em geral com o menor consumo de energia, como observou Oliver Abreu Küffner.
Usar bermuda não significa estar mal vestido. É claro, é preciso ter um certo bom senso na hora de escolher o look, como sugerem os “Bermudamentos” da campanha Bermuda Sim: nada de short de surfe ou uniforme de times, além de ser necessário ficar de olho no comprimento da peça e nas estampas – afinal, não deixa de ser um escritório, guarde as bermudas florais para a praia.
É incrível acreditar que ainda em 2014 alguém precisa lutar pelo direito de usar uma peça de roupa sem preconceitos – mais difícil ainda é crer que são os homens que estão dando esse grito, algo parecido com o que as mulheres tiveram que enfrentar quando quiseram vestir calças ou minissaias. Só não façam uma fogueira com seus ternos e calças de alfaiataria, já está calor suficiente!
Se você é um dos adeptos da bermuda no trabalho, tem que entender que o ambiente profissional, é um espaço formal, onde pesam a sua imagem como profissional, e que não pode simplesmente pegar aquele bermudão de passeio de domingo e colocar para atender seus clientes.
Confira algumas sugestões de looks para trabalhar de bermuda
Será necessário ter uma adaptação do traje ao ambiente de trabalho. Você pode pegar bermudas com referências de alfaiataria, por exemplo e aprender a fazer looks mais sociais mesmo estando de bermuda.
Eu nunca gostei daquelas clássicas cozinhas toda branca com todas as peças combinando, pra mim uma cozinha precisa ser alegre e por isso gosto de comprar utilidades domesticas como pratos, tigelas, copos com bastante cor, e como ainda não tenho a minha cozinha dos sonhos resolvi ressuscitar essa categoria (Quero isso lá em casa) para mostrar as utilidades lindas que encontro nas minhas andanças pela websfera.
Protetor de Xícara / Copo de Crochê: Achei um luxo só esses protetores e se você tiver habilidades manuais pode até fazer o seu =D
Saleiro Caveira do Dia dos Mortos: Amo essas caveiras mexicanas, os desenhos são sempre tão lindos que me faz querer ter em casa.
Abridor de Garrafa: Como algo simples pode ter tanta beleza?
Colheres de Pau decoradas: Acho simplesmente um luxo essas colheres e você também pode fazer as suas caso você tenha alguma habilidade manual.
Colheres de Madeira e Silicone: São minhas preferidas, afinal o cabo não aquece e a parte de silicone não arranha as panelas.
Talheres para Servir: Amei esse cabo azul turquesa, fico imaginando ela em uma mesa no jantar, sem duvida uma ótima peça de decoração.
Filme Pornô: muitos se sentem incomodados quando o parceiro ou parceira gosta de filmes eróticos por acharem que isso significa falta de desejo por seu par, o que não é verdade. A psicóloga especialista em relacionamentos Pamela Magalhães indica usar esse e outros hábitos ou hobbies do parceiro a favor da relação, e não contra. “É importante respeitar o que sempre pertenceu à vida do outro”. O psicoterapeuta Leo Fraiman faz uma ressalva: se o costume de assistir a esse tipo de filme começou junto com um desinteresse do parceiro por sexo, é bom conversar e tentar entender o motivo. “Fora isso, o casal pode aproveitar os filmes para descobrir novas possibilidades na cama”
Família: para a psicóloga Pamela Magalhães, não deve existir disputa entre o amor de um casal e o amor de família. “Tenha consciência de que não é possível, nem saudável, impedir o convívio do parceiro com os parentes. Conversar sempre é o melhor caminho para não deixar que um motivo como esse gere conflitos irreversíveis”. Para o psicólogo Oswaldo M. Rodrigues Jr., do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade), todo relacionamento deve ter regras, inclusive em relação ao convívio familiar, pois o ciúme aparece quando um acha que o outro dedica mais tempo aos parentes do que ao relacionamento. “A atenção à família não significa que o parceiro não deseja estar com você. Não sofra por isso”
Amigos: “Muitas pessoas imaginam que os amigos anteriores ao parceiro atual são contra o relacionamento”, diz o psicólogo Oswaldo M. Rodrigues Jr. Mas isso não faz sentido, pois os amigos de verdade querem o bem-estar do outro. Eles ficarão satisfeitos de verem uma pessoa de quem gostam se relacionar com alguém que a faz feliz. “Partir do princípio de que os antigos amigos devem ser afastados provocará uma competição inútil. A perda de amizades pode afastar o casal”
Happy Hours: de acordo com o psicoterapeuta Leo Fraiman, é importante ter convívio social com colegas de trabalho, desde que o dia do happy hour não se torne o mais importante da semana. “Com moderação, faz parte da vida de todo mundo”. Segundo Oswaldo M. Rodrigues Jr., psicólogo do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade), não é saudável para a relação tratar qualquer tipo de situação como competição. “Pensar assim é não compreender que ambos têm direito a individualidade e a momentos de descontração” L
Flertes: achar alguém bonito, olhar para uma pessoa na rua ou curtir uma foto no Facebook podem desencadear infindáveis discussões em uma relação. Para a psicóloga Pamela Magalhães, estragar um relacionamento por causa dessas coisas é uma besteira. “O fato do seu parceiro amá-lo e elogiá-lo não invalida a possibilidade de ele também enxergar beleza em outras pessoas, o que não diminui em nada o carinho e admiração que tem por você”
Celular: segundo o psicoterapeuta Leo Fraiman, quando você chegou ao ponto de fiscalizar o celular do parceiro, é sinal de alerta. “A pessoa que faz esse tipo de coisa está alimentando a própria insegurança. Para uma relação dar certo, é preciso confiar, respeitar, ter cumplicidade”. A especialista em relacionamentos Pamela Magalhães diz que é preciso zelar pela privacidade do parceiro. “Se existe motivo para desconfiar, a solução é o diálogo, e não fiscalizá-lo. Isso só trará estresse para o casal e o relacionamento ficará muito chato”
Balada: para o psicoterapeuta Leo Fraiman, se o casal combinou que não há problema em ambos saírem sozinhos, não existe motivo para ter ciúme. “A oferta sexual é tão grande que não precisa de balada para trair. A vida virou um grande bufê sexual. Para esse tipo de acordo dar certo, é preciso colocar a felicidade do outro como tão importante quanto a sua, e, às vezes, fazer concessões quando o parceiro deixar claro que não vai se sentir bem se você sair” L
“Ex”: aprender a lidar com essa figura é importante, principalmente se houver a necessidade de conviver com essa pessoa (quando existem filhos do antigo relacionamento, por exemplo). “Sentir ciúme da possibilidade do outro voltar para o relacionamento anterior não modificará as decisões do parceiro e trará um sofrimento desnecessário”, explica o psicólogo Oswaldo M. Rodrigues Jr.
Roupa: tentar mudar qualquer coisa no seu parceiro é uma tentativa de controle, e raramente isso traz bons frutos para o relacionamento. “Ninguém controla a roupa de ninguém. O gosto por roupas vai de acordo com a personalidade de cada pessoa. Respeite o tipo de roupa que o seu parceiro gosta de usar”, diz a psicóloga Pamela Magalhães L
Experiências Passadas: para a psicóloga Eliete Matielo, a solução é não se apegar a esse tipo de situação e só tocar no assunto de experiências passadas se isso não for te fazer mal. “Quando iniciar uma relação, não fique se comparando a pares anteriores. Cada pessoa é única e isso só atrapalha a vida de ambos. É importante confiar em si mesmo, em quem você se relaciona e no que vocês sentem um pelo outro”
Encontrar alguém que o compreenda, que lhe desperte confiança e não lhe cause receio de se mostrar por inteiro, com todos os defeitos que tem, é o primeiro passo para a construção de um bom relacionamento, com uma convivência harmoniosa. Mas isso não basta para garantir que o romance não se tornará uma verdadeira montanha-russa. É preciso paciência para lidar com conflitos que, inevitavelmente, aparecerão no decorrer da vida a dois, não importa o quão perfeito seja (ou pareça) o par.
“Toda relação tem seus altos e baixos, porque as pessoas mudam, e as situações também. Só tem paz o casal que se dispõe a resolver os problemas à medida em que eles vão aparecendo”, afirma a psicóloga Miriam Barros, terapeuta de casal e psicodramatista pela SOPSP-PUCSP (Sociedade de Psicodrama de São Paulo – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Na prática, o sossego no namoro ou no casamento é a recompensa que se recebe por estar sempre aberto ao diálogo franco com o par. “Desavenças maduras são caminhos para fazer a relação crescer. As pessoas não são iguais e precisam de um convívio intenso, com expressão verdadeira de emoções e comportamentos, para que um possa aprender quais são os limites do outro”, diz a psicóloga Graziela Baron Vanni, coautora do livro “Amor, Ciúme e Infidelidade”
Você sabe demonstrar sentimentos?
Nos relacionamentos, saber demonstrar sentimentos é uma das habilidades mais importantes.
Quem expõe suas opiniões e reage quando se sente desrespeitado está aprimorando a relação. “Eu posso pensar diferente e dizer isso ao meu parceiro. Não devemos temer nos mostrar, porque a convivência serve, justamente, para descobrirmos se o outro é a pessoa com quem queremos dividir a nossa vida ou não”, diz a psicóloga Kathya Mutti,coordenadora do departamento de psicodrama do Instituto Sedes Sapientiae.
Em nome da calmaria, alguns casais adiam conversas para esclarecer situações que incomodam. E, segundo os especialistas, quando aparece o receio de conversar com o par, a relação começa a caminhar para a desordem. “Não adianta acumular mágoas, pois uma hora um dos dois vai extravasar isso, provocando uma briga repentina e, na maioria das vezes, com reações exageradas”, explica Miriam Barros.
Valorizando as diferenças
Relações tranquilas também são frutos de parcerias maduras no campo emocional, quando duas pessoas que já resolveram individualmente suas experiências positivas e negativas se encontram. “Existem muitas pessoas que querem tratar traumas de infância ou fracassos afetivos no momento em que iniciam um romance. Mas isso é um erro. Só os que já estão bem resolvidos com o seu passado conseguem tornar leves os seus relacionamentos do presente”, diz Graziela Baron Vanni.
Quem busca um relacionamento estável e satisfatório também precisa aprender a lidar melhor com as idealizações. “Veja o par como uma pessoa com quem você pode aprender sobre a vida, as coisas, as pessoas e até sobre si mesmo. Na relação, podemos aprender mais sobre os nossos limites na convivência, podemos exercitar nossa capacidade de escutar e a tolerância, por exemplo”, explica a psicóloga Kathya Mutti.
Enxergar e aceitar o outro como ele é realmente, além de tornar a relação mais surpreendente, é a chave para a tranquilidade no amor. “Ao ver sempre as coisas de uma forma idealizada, durmo e acordo com a certeza de que não preciso cultivar nada no outro. Isso não é tranquilidade, é um grande perigo, porque se algo inesperado acontecer, a relação poderá ruir rapidamente. Só uma relação construída com base nas diferenças e semelhanças é capaz de seguir adiante”, declara a psicóloga.
Em resumo, a tranquilidade do romance não precisa estar alicerçada na perfeita comunhão de desejos e interesses, segundo Kathya. “Mais importante do que é isso é que ambos vivam no presente uma verdade que eles construíram juntos, com respeito e liberdade de sentir e pensar”, diz.
Não é verdade isso, hein? Colocar toques de azul na decoração não é uma forma certeira de deixar tudo elegante? Já testaram? As fotos abaixo comprovam isso (bem, eu acho rs) e, ainda por cima, é uma cor muito alto astral. Que tal uma paredinha azul aí no decor do seu lar doce lar, hein? Eu aposto muito nesta cor em todos os tons!
Quem ama de verdade se engana constantemente para não sofrer, embora nem sempre consiga.
Finge não se importar com as amizades femininas do outro e ser suficientemente confiante para lidar com isso. Fala que não vê problemas em passeios que não permitem sua companhia, e só xinga os amigos dele bem baixinho, mentalmente, por querer dar ao outro aquela liberdade acompanhada que tantos buscam por aí.
Quem ama de verdade busca controlar os ânimos, ainda que vez ou outra exploda. Tenta não ser dramático, histérico, ou ter reações impensadas, exageradas e desnecessárias. Não grita por pouco e não se altera quando a ex-namorada resolve dar as caras e mandar mensagens de texto suspeitas. Em um relacionamento é preciso entender e aceitar que todo mundo tem passado, ainda que desejemos ignorar isso: se preocupar com os detalhes é apegar-se ainda mais ao que já foi.
Quem ama de verdade não fica caçando pelo em ovo. É honesto quando algo incomoda, mas tenta não entrar em crise. Coloca na cabeça que os outros podem até ser mais bonitos, inteligentes ou bem sucedidos, mas que não é por fatores eliminatórios que se escolhe amar alguém. Aliás, em alguns casos, quem dera fosse simples desamar pelas falhas; muito sofrimento seria poupado se ouvíssemos mais a razão quando ela grita.
Quem ama de verdade entende que é preciso ter respeito, consideração e que se um dia uma das partes resolver se desligar da outra precisa verbalizar aquilo que sente. Que todo o esforço valeu a pena e que sempre saímos de um relacionamento melhor que quando entramos. Que amor não se exige, se cultiva. E que não podemos obrigar o outro a ficar, embora seja terrível para quem é deixado.
Quem ama de verdade suporta. Porque assim como você tolera as falhas do outro as suas também são amenizadas. Porque para cada erro que vemos em alguém, outros 30 são vistos na gente. E porque, via de regra, aprendemos mais sobre nós mesmos com outra pessoa do que somos capazes de enxergar.
Amar alguém não é gostar de tudo: é aceitar ser confrontado!!!!!
Entenda o sentimento mais misterioso que existe. A tarefa pode parecer ingrata, mas há uma porção de cientista empenhados em cumpri-la. Eles já mapearam parte do estrago que ele causa ao nosso cérebro e até encontraram um hormônio que seria um verdadeiro elixir do amor!
Quando Martin encontrou Robin pela primeira vez, sentiu uma atração tão forte que lhe parecia um enorme sacrifício ficar longe dela, mesmo que por apenas alguns minutos. Foi recíproco. Robin mudou toda a hierarquia de suas prioridades: tudo o que lhe parecia importantíssimo tornou-se banal. O único assunto que lhe interessava passou a ser Martin. Ela engravidou logo depois da primeira relação sexual e ele se empenhou brilhantemente em ajudá-la a cuidar da família. Hoje, passados alguns anos, os dois ainda estão juntos. E qualquer um que os conheça de perto tem absoluta certeza de que eles nem concebem a idéia de viver separados. Podemos afirmar que Martin e Robin se amam.
Robin e Martin são ratos. Sem ofensa. Os dois são arganazes-do-campo, um simpático roedor do centro-oeste americano. Eles pertencem a uma das espécies mais românticas do mundo, uma das poucas nas quais há monogamia e macho e fêmea criam juntos seus filhotes (95% dos mamíferos têm hábitos bem mais promíscuos). Robin e Martin podem não ser um casal tão famoso quanto Romeu e Julieta ou Brad Pitt e Jennifer Aniston, mas seu romantismo, que tem sido cuidadosamente estudado num laboratório da Universidade de Illinois, Estados Unidos, tem trazido grandes avanços para a ciência na tentativa de explicar o amor.
Por serem monogâmicos, os arganazes-do-campo são as cobaias perfeitas para os experimentos que vêm sendo desenvolvidos com um hormônio chamado ocitocina. Para os cientistas, a ocitocina é uma proteína produzida no sistema límbico cerebral – a estrutura do cérebro envolvida no processamento de sentimentos e sensações. Ela age especificamente na região que comanda o mecanismo de recompensa. Mas poderíamos simplificar a definição e dizer que a ocitocina é um “elixir do amor”. Veja o caso de Martin e Robin. Os dois receberam injeções de ocitocina logo antes de se “apaixonarem” um pelo outro.
O Elixir do Amor
Até recentemente, quase todos os estudos sobre ocitocina se limitavam ao seu papel durante a fase de lactação, mostrando como ele é responsável pelo que normalmente vemos como o amor genuíno entre mães e filhos. O trabalho de parto e o toque do filhote nas glândulas mamárias da mãe estimulam a produção do hormônio no cérebro em vários mamíferos, inclusive em humanos. E, pelo jeito, é isso que faz com que as progenitoras se sintam conectadas a suas crias – o que é imprescindível para a sobrevivência delas. Em outras palavras, aquilo que chamamos de instinto maternal, que leva uma fêmea a proteger seus filhotes ainda que isso lhe custe a vida, é conseqüência desse detalhe químico.
O que pesquisas como as que envolvem Martin e Robin estão mostrando é que não é só a conexão entre mães e filhos que é facilitada pela liberação de ocitocina. Cientistas acreditam que o hormônio seja responsável por quase toda ligação social e formação de laços entre mamíferos. E não há razão para duvidar de que isso inclua o amor entre nós, humanos. “Tanto o amor quanto as ligações sociais servem para facilitar a reprodução, nos dar um senso de segurança e reduzir a ansiedade e o estresse”, diz a neuroendocrinologista Sue Carter, dona de Robin e Martin. Isso quer dizer que, por menos romântico que possa parecer, o amor é um artifício da natureza para manter a espécie humana procriando.
Sue e seus colegas desvendaram nos últimos anos parte do mecanismo de funcionamento desse hormônio. Pelas suas pesquisas, a ocitocina não é liberada apenas durante o parto e a amamentação. Outras ocasiões induzem sua produção: calor, toque, carinho, cheiros agradáveis e… o orgasmo. Em outras palavras: pelo menos nos roedores, comportamentos típicos de casais enamorados – carícias e sexo – provocam a criação de laços muito semelhantes àqueles entre mães e filhos. É algo de que o senso comum já desconfiava muito antes de haver qualquer pesquisa sobre o assunto. Tanto que esses dois tipos tão diferentes de laços têm na maioria das línguas o mesmo nome: amor.
Os estudos de Sue trazem indícios de que nas relações humanas o objeto mais desejado sexualmente será também o alvo do sentimento de ligação mais forte. Em alguma medida, isso provaria que fazer sexo pode enfatizar a sensação de amor que temos por alguém – mais ainda se forem relações sexuais satisfatórias, já que a liberação de ocitocina parece estar ligada ao prazer. “Preferências por um parceiro podem se desenvolver depois de um período de coabitação sem atividade sexual. No entanto, as preferências ocorrem muito mais rapidamente quando um macho e uma fêmea mantêm relações sexuais”, escreveu Sue, sem a menor poesia, como convém a um texto numa publicação científica. “A maior evidência do papel da ocitocina na formação de casais é simplesmente o fato de que, quando nós bloqueamos os receptores desse hormônio, os animais não conseguem formar casais”, disse a cientista à Super.
As pesquisas com roedores parecem explicar também por que buscamos tão incansavelmente o amor. O presidente do Instituto Americano de Saúde Mental, Tom Insel, estudou um parente próximo dos arganazes-do-campo, os arganazes-montanheses. Esses bichos têm uma diferença básica em relação aos seus românticos primos: eles não são nem um pouco dados à monogamia. Insel acha que descobriu a razão para as puladas de cerca. Ele percebeu que, nesses ratinhos infiéis, ao contrário do que acontece nos arganazes-do-campo, a ocitocina não tem ação numa área especial do cérebro: o centro de recompensa, responsável pela maior parte das sensações prazerosas do corpo. Essa área é ativada quando um sujeito come chocolate ou quando toma alguns tipos de droga, por exemplo, e nos faz ter vontade de repetir a experiência agradável. Assim, os comportamentos que estimulam a liberação da ocitocina são reconhecidos como prazerosos para os do campo, mas não afetam os montanheses.
Tudo indica que a maior parte dos humanos seja parecida com os arganazes-do-campo nesse aspecto – nós também adoramos nos apaixonar.
Mas, quando se trata de humanos, não dá para fazer afirmações definitivas. Os estudos sobre a ação do hormônio em gente ainda estão engatinhando. Em parte, porque não há tecnologia suficiente para investigar o cérebro humano sem esbarrar em barreiras éticas. “Não poderíamos bloquear os receptores de ocitocina em uma mulher prestes a dar à luz para descobrir se isso atrapalharia a formação de laços com o bebê”, diz Sue. Da mesma forma, ninguém cogita fazer com gente o que Sue fez com ratinhos – cientistas não têm o direito de fazer o papel de Cupido injetando hormônios em pessoas. Mas algumas semelhanças entre o comportamento de humanos apaixonados com os ratos sob o efeito da ocitocina são difíceis de ignorar.
Cara de bobo
Lembre-se da última vez em que você ficou completamente apaixonado. Você não achou que as atividades normalmente insuportáveis – lavar louça, colocar o lixo para fora, estudar, trabalhar – tornaram-se toleráveis, até prazerosas? Você não parou de se irritar com os outros motoristas no trânsito e não perdeu a pressa descabida de chegar em cinco minutos a qualquer lugar? Outros sintomas: sorrir sem explicação, tratar as pessoas melhor, sentir-se feliz por pequenas coisas, ficar mais saudável, mais bonito até. E, óbvio, a indefectível “cara de bobo”.
Em um estudo com ratos, o neuroendocrinologista sueco Kerstin Uvnäs-Moberg descreveu as reações corporais das cobaias depois da injeção do hormônio. As mais comuns foram: calma, falta de estresse, maior tolerância a situações repetitivas e tediosas e maior disposição para interação social. Os estudo comprovaram que houve queda da pressão arterial dos ratos, liberação de doses de insulina natural e aumento da capacidade de cicatrização. Outra conseqüência percebida pelo cientista foi um efeito sedativo nos ratos que receberam doses de ocitocina. Talvez o mesmo efeito responsável pela cara de bobo.
A ocitocina parece explicar também uma idéia nunca comprovada, mas extremamente difundida: a de que mulheres amam mais que homens. As pesquisas usando animais provaram que, combinado com estrogênio (hormônio encontrado em ambos os sexos, mas bem mais comum nas fêmeas), os efeitos da ocitocina de diminuição da ansiedade e do estresse são enfatizados. Em compensação, a testosterona (que é mais abundante nos organismos masculinos) diminui os efeitos da proteína. A testosterona é responsável pelo instinto de “lutar ou fugir”, uma reação comum diante do perigo. “Basicamente, isso significa que, diante do perigo, machos estão mais sujeitos à reação instintiva de revidar ao ataque ou correr dele”, afirma a psiquiatra Rebecca Turner, da Universidade da Califórnia. Já as fêmeas, mais influenciadas pela ocitocina e pelos laços que ela constrói, agem de forma bem diferente. “Elas procuram por aqueles que amam, seja porque esses lhes passam segurança ou porque sentem que precisam de sua proteção.”
Coisas da sua Cabeça
Mas, se a liberação de ocitocina acontece por causa do toque, por que não nos apaixonamos pelo massagista? Por que ônibus lotados não são os lugares mais românticos da Terra? E por que é possível continuar apaixonado pela mesma pessoa ainda que ela viva a quilômetros de distância? Os estudos de Uvnäs-Moberg mostraram que a liberação de ocitocina pode estar condicionada a estados emocionais e imagens mentais. Mais que isso, os testes revelaram que a liberação sistemática do hormônio durante um período de alguns dias pode “fixar” os efeitos, transformando a sensação de amor em uma constante. O neuroendocrinologista sueco injetou ocitocina em roedores por cinco dias seguidos, deixando-os “apaixonados”. No sexto, os efeitos apareciam sem a injeção do hormônio. O cientista acha que a mera lembrança das sensações agradáveis causadas pela ocitocina, ainda que na ausência dela, são suficientes para ativar o amor.
No livro A General Theory of Love (“Uma Teoria Geral do Amor”, sem tradução brasileira), três psiquiatras da Universidade da Califórnia tentam explicar os mecanismos cerebrais do amor e dedicam um capítulo à memória humana. Eles demonstram que nossas referências sobre o amor são armazenadas em nossa memória “implícita” – a mesma que nos permite dirigir um carro sem nem nos darmos conta de todas as operações envolvidas no processo – e não na “explícita”, onde ficam registradas lembranças conscientes. “Isso explica de que maneira as pessoas aprendem o gosto discriminatório que diz a elas quem devem amar”, diz Richard Lannon, co-autor do livro. Ou seja, características que tendemos a procurar nas pessoas ficam escondidas, alheias à consciência. É por isso que algumas pessoas se inclinam a escolher namorados(as) sempre com os mesmos defeitos, por mais que saibam – racionalmente – o quanto devem evitar isso.
Para Lannon, a divisão dos três cérebros, feita em 1971 pelo neuroanatomista Paul MacLean, é o primeiro passo para entender por que a lógica racional não explica nossas preferências sobre parceiros românticos. MacLean dividiu o cérebro humano em três partes: reptiliano, límbico e neocórtex. Em linhas gerais, o primeiro é aquele presente em quase todos os animais, que meramente reage às situações de risco e armazena informações instintivas. É ele a única parte viva em um ser humano em estado vegetativo. O segundo é responsável por nossas emoções e sentimentos. O terceiro, o neocórtex, é responsável pelo que chamamos de razão – dele dependem funções como escrever, falar, planejar e racionalizar. Isso não quer dizer que razão e emoção sejam a tal ponto distintas que podemos separá-las perfeitamente.
Mas mostra por que algumas de nossas reações emocionais – e, principalmente, nossa capacidade de interação social – independe de nossas habilidades intelectuais.
O autismo, causado por um dano no sistema límbico, ou a síndrome de Asperger, algo como um autismo bem mais brando, seriam provas dessa divisão do cérebro. Pessoas que apresentam essas doenças podem ser brilhantes – vários grandes matemáticos sofrem de Asperger –, mas têm dificuldade de interagir. “A maior parte de nós entende que flores expressam romantismo, enquanto pirulitos são presentes para crianças, mesmo que não saiba explicar por quê. Um autista não saberia qual dos dois escolher na hora de convidar uma garota para sair”, escreveram os autores de A General Theory of Love. Por outro lado, uma criança cega sabe como sorrir, mesmo que nunca tenha visto um sorriso em toda a sua vida, porque a sensação de alegria está armazenada no seu sistema límbico – e essa sensação faz com que determinados músculos sejam contraídos provocando um sorriso.
Apesar de os sentimentos terem origem no sistema límbico, falar sobre eles é função do neocórtex. Isso explica por que nem sempre é fácil expressar em palavras aquilo que estamos sentindo e talvez seja o motivo pelo qual poetas sejam tão populares entre pessoas apaixonadas. “Poesia é a ponte entre os cérebros neocortical e límbico”, diz Lannon.
Paixão nas Estradas
A expressão “eu te amo do fundo do coração” não faz muito sentido. Não há nada no peito que provoque a sensação de amarmos alguém – embora haja indícios de que o músculo cardíaco produza pequenas quantidades de ocitocina, sabe-se lá para quê. Mas a expressão, tão popular, encontra sua justificativa na sensação de aceleração do coração que está associada a qualquer paixão que se preze. As deliciosas reações corporais que sentimos por todo o corpo como resultados dos fenômenos cerebrais são as responsáveis pela sensação de que nossos sentimentos são verdadeiros.
Pense na pessoa por quem você está (ou esteve) apaixonado. Agora tente explicar os motivos pelos quais tem tanta certeza de que a ama (ou amou). Você possivelmente vai recorrer a exemplos sobre seu estado de espírito ou suas reações físicas na presença ou simples lembrança do ser amado. “Vem um frio na barriga toda vez que o vejo” ou “eu sinto uma alegria inexplicável ao fazer as atividades mais banais ao lado dela” são algumas das explicações mais recorrentes na tentativa de provar que amamos alguém.
“Se imaginarmos uma emoção forte e depois tentarmos abstrair da consciência que temos dela todos os sentimentos dos seus sintomas corporais, veremos que nada resta”, escreveu o filósofo inglês William James. “Tudo o que fica é um estado frio e neutro de percepção intelectual”, afirmou. Por exemplo, o que chamamos medo nada mais é do que a aceleração cardíaca, as pernas enfraquecidas etc. E amor, na prática, não passa de uma condição física caracterizada pelo rosto ruborizado, o frio no estômago, o coração acelerado. O neurocirurgião português António Damásio vai além. Ele acha que a explicação de James “funciona bem para as primeiras emoções que sentimos na vida. Mas, como seres sociais, sabemos que muitas das nossas emoções só são desencadeadas após um processo de avaliação mental que é voluntário, e não automático”, escreveu em sua obra O Erro de Descartes.
Indício disso é o fato de que pessoas cujas características físicas sejam distantes do padrão de beleza da sociedade em que vivem tendem a ter dificuldade para encontrar um parceiro romântico. Ou seja: é mais fácil se apaixonar por alguém que tenha características valorizadas em seu tempo e em sua cultura, uma prova de que o amor tem pelo menos um componente racional.
Sofrer por Amor
Infelizmente, um dos subtemas mais presentes em discussões científicas ou não sobre o amor é o sofrimento que ele causa. Qualquer um que já tenha sido obrigado a se separar de alguém que ama – pela morte deste ou por um rompimento com o qual não concordava – sabe exatamente disso. Talvez sirva como consolo para os corações partidos saber que esse sofrimento não é exclusividade humana. Diante da perda, vários mamíferos apresentam duas fases de reação: “protesto” e “desespero”. Na primeira, o sujeito se contorce, grita, chora, implora por uma nova chance (se, por sorte, você nunca experimentou algo assim, separe um cachorro recém-nascido de sua mãe e veja o que acontece). Já na segunda fase, a reação será muito parecida com a de pacientes em depressão: falta de vontade de interagir socialmente, perda de apetite, insônia e desinteresse por qualquer atividade.
“Uma separação pode afetar o corpo de tal forma que o rompimento de um relacionamento muitas vezes ocasiona doenças”, diz o psiquiatra Thomas Lewis, outro dos autores de A General Theory of Love. Esses efeitos são sentidos em qualquer idade, mas muitas vezes causam danos permanentes em seres muito jovens. “Amor, ou a falta dele, pode mudar seu cérebro para o resto da vida”, diz Lewis. “Nós costumávamos acreditar que o sistema nervoso chegaria à maturidade seguindo apenas as instruções contidas no DNA”, diz o psiquiatra. “Hoje sabemos que as experiências são cruciais para um desenvolvimento saudável do sistema nervoso”, afirma. E o amor está com toda a certeza entre as mais significativas das experiências.
Afinal para que?
Mas será o amor realmente um tema para discussões e experiências científicas? Alguns cientistas têm a resposta na ponta da língua – e ela não é nem um pouco romântica. “O amor emana do cérebro e o cérebro é algo físico. Portanto o amor é tema para o discurso científico da mesma forma que pepinos ou eventos químicos”, escreveram os autores de A General Theory of Love. Eles ainda argumentam que é preciso entender os fenômenos para que eles façam sentido nas nossas vidas e para que a ignorância não traga conseqüências amargas. “Pessoas que não conhecem nem respeitam as leis da aceleração acabam quebrando ossos.” O problema agora é descobrir que métodos usar para chegar à verdadeira essência do amor. “A ciência opera a partir de uma premissa crua mas eficiente: para entender um mundo, pegue um pedaço dele. Acontece que o amor é indivisível”, diz Lewis, mostrando o tamanho do problema. O psiquiatra acredita que ainda estamos longe de mapear todos os mistérios do amor e – assim como Sue Carter e seus colegas empenhados nos estudos neurobiológicos sobre o tema – não consegue fazer previsão sobre quando será possível entender exatamente o que se passa pelo corpo humano que provoca a sensação mais festejada de todos os tempos. Enquanto isso, sigamos tentando entender o tema do jeito tradicional: a velha e boa tentativa e erro. Há quem jure que vale a pena.
Tudo está dando errado e os planos que antes eram tão sólidos e alcançáveis, hoje, desmoronam ao seu redor. E na hora do desabafo ainda escuta do amigo: “Poderia ser bem pior, vai?”. Ouvir isso pode ser frustrante, mas criar um novo olhar sobre a vida com um toque de pessimismo pode ser a solução para os seus problemas. Pelo menos é o que defende o britânico Oliver Burkeman, autor do livro “Manual Antiautoajuda – felicidade para quem não consegue pensar positivo” (Ed. Paralela). Segundo ele, trilhar o caminho negativo pode ser libertador.
“Tiramos um enorme peso das costas quando entendemos que nunca escaparemos da morte, que o sofrimento é inevitável e que sempre nos sentiremos inseguros no mundo. Redescobrir o poder do pensamento negativo pode nos levar à felicidade. Seguir o caminho negativo é uma questão de fazer o inverso, aquilo que parece ilógico”, explicou Burkeman, em entrevista ao Delas. O livro, que será lançado no Brasil no próximo dia 3, é resultado de uma pesquisa de três anos sobre a ineficácia dos livros de autoajuda vendidos nos EUA.
De acordo com a experiência do colunista do jornal The Guardian, que provou diversos métodos do “pensamento positivo” e teve contato direto com pessimistas profissionais, muitos eventos que provocam ansiedade ou tristeza recebem um esforço emocional desproporcional. “No caso extremo de uma morte, por exemplo. Se você foi lentamente torturado, poderia ter sido morto mais lentamente ainda. Poderia ter sido bem pior”. O otimismo inesgotável a respeito do futuro, segundo ele, só aumenta o baque quando as coisas não dão certo e “é o nosso pior inimigo”.
Exercício de pessimismo
Atualmente, com a larga oferta de livros de autoajuda, somos treinados a exercer o pensamento positivo e acreditar que tudo sempre terminará bem. Mas, para Burkeman, isso pode ter um preço. “O pensador positivo acaba menos preparado, e fica mais abalado quando acontece algo que ele não consegue convencer a si mesmo que seja bom”, conta.
Outro conceito contra uma possível depressão é exercer a “predição dos males”. Um exercício de pessimismo: parar de lutar para evitar pensamentos da pior hipótese e passar a especular ativamente sobre eles.
Uma experiência prática para colher os benefícios do pessimismo no dia a dia é, por exemplo, aprender a lidar com uma inesperada e longa fila de supermercado. A primeira reação diante de vários caixas inativos é a frustração. No entanto, segundo o autor, basta refletir sobre o pior que poderia ocorrer para não se deixar abalar.
“O pensador positivo fica mais abalado quando acontece algo que ele não consegue convencer a si mesmo que seja bom”, diz Burkeman
“A pior hipótese ali seria uns minutos de atraso. O problema é o juízo irracional de cada um, não o supermercado”, explica. Assim como perder o emprego não significa cenário de extrema pobreza e ficar sem namorado não te condenaria a uma vida de solidão. Tentar reconhecer o pior de cada situação pode ser um antídoto para a ansiedade.
Burkeman se defende, no entanto, quando questionado se poderia ter encontrado a fórmula secreta da felicidade. “Gostaria de dizer que sim, mas não quero pensar que criei um novo guia. Estaria promovendo o que combato: os livros de autoajuda. Quero propor uma reflexão sobre como abordamos nossa jornada. Não precisamos ter controle de tudo para alcançarmos a felicidade”, explica.
Você tem dificuldade de se desligar dos problemas e, por isso, demora a pegar no sono? Ou costuma ter noites agitadas e, mesmo depois de passar um bom tempo na cama, acorda cansado? Pois é bem possível que, ao adotar o hábito de ler, um pouco antes de dormir, você consiga relaxar mais. Pelo menos é o que diz uma pesquisa da Universidade de Sussex, no Reino Unido, realizada em 2009.
O levantamento mostrou que ler é uma estratégia mais eficaz, para diminuir o estresse, do que ouvir música ou caminhar. Durante o estudo, os voluntários chegaram a amenizar em 68% o nível de tensão ao folhear um livro por alguns minutos. A justificativa dos pesquisadores para os resultados encontrados é a de que, ao acompanhar uma história, nos desligamos, temporariamente da nossa realidade. Ocorre um alívio das tensões musculares e uma diminuição significativa no ritmo dos batimentos cardíacos.
A psicóloga Lucia Novaes, professora do Instituto de Psicologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), confirma que, na prática, esses benefícios também podem ser notados. “A experiência clínica demonstra que a leitura pode funcionar como estratégia de controle do estresse. Se for feita poucos minutos antes de irmos para a cama, também contribui para um sono melhor”, diz.
Porém, para que o livro seja capaz de proporcionar todos esses benefícios, é preciso que o assunto e o gênero despertem uma sensação de bem-estar em quem está acompanhando a história.
“Essa é uma questão muito individual, que depende do gosto e do estado emocional do leitor. Mas, de maneira geral, indicamos que, antes de dormir, sejam evitados os livros cujo enredo deixe o leitor em estado de alerta”, diz a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil). Ou seja, nada de livros de suspense, ação, despertem medo, angústia ou outros sentimentos ruins. Histórias desse tipo podem provocar o efeito contrário ao desejado.
Em contrapartida, boas sugestões de leitura na cama são os livros de contos, poesias e os romances, porque não deixam o leitor ansioso para saber o que acontecerá no próximo capítulo. A literatura de humor também funciona. “Aquele livro que provoca um sorriso vai ser muito saudável por promover a liberação de endorfina, o hormônio do bem-estar, que reduz a tensão muscular, baixa a frequência cardíaca e leva a atividade mental para uma onda mais baixa”, afirma Ana Maria.
Da mesma forma, leituras ligadas à religião praticada pelo leitor, assim como revistas sobre temas mais amenos, também podem provocar o relaxamento. E como a ideia é induzir ao sono, o ideal é ler no papel, e não em tablets, smartphones ou no computador.
“A melatonina, o hormônio regulador do sono, só é liberado quando o ambiente está mais escurinho, iluminado por um abajur, por exemplo. A luz dos equipamentos eletrônicos pode dificultar a produção dessa substância”, diz a psicóloga Denise Pará Diniz, coordenadora do setor de gerenciamento de estresse e qualidade de vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Ambiente favorável
Para que o relaxamento proporcionado pela leitura seja efetivamente sentido, e perdure, é importante que o ambiente em que se pratica o hobby seja tranquilo, propício para a concentração. Já a posição para a leitura não importa e deve ser escolhida de acordo com a sensação de conforto que proporciona a quem está com o livro em mãos. “Para pessoas que têm insônia, o mais indicado é ler fora da cama, em uma poltrona ao lado, por exemplo. E só ir para a cama quando o sono vier”, explica Lucia.
O ambiente interno também precisa ajudar. “Não importa o quanto o livro é relaxante. Se você não consegue se desligar e fica preso a pensamentos que geram tensão, será impossível descansar”, afirma Denise. Assim, durante a leitura, é preciso evitar a tentação de resolver problemas mentalmente. É imprescindível se concentrar no texto para poder tirar proveito do hábito.
E os especialistas afirmam que mesmo quem não tem o costume de ler pode se beneficiar com a prática, se estiver realmente disposto a mudar um pouco a rotina. “É possível que, com o tempo e com as obras apropriadas, o iniciante transforme a leitura em hobby e passe a aproveitar cada vez mais esse hábito, que é bastante saudável”, diz a psicóloga Lucia Novaes.
Foi-se o tempo em que a noiva e as madrinhas se reuniam para comemorar a despedida de solteiro no Clube das Mulheres. A festa com strippers está, aos poucos, cedendo terreno a viagens com as madrinhas, festa em ônibus que roda a cidade, passeio de limusine e até aos já tradicionais chás de lingerie. Os casais mais comportados (ou ciumentos) podem até optar por comemorar a ocasião juntos.
Mas foi justamente para evitar o ciúme do noivo que a madrinha da analista financeira Janaina Guerra Neupman, 28 anos, resolveu organizar a despedida da amiga dentro de um ônibus-balada. “A festa foi uma surpresa para mim, mas a Letícia [madrinha] deixou meu noivo bem tranquilo, pois não teria homens, só as amigas casadas mesmo”, explica Janaina, que se casou em março último.
Festa motorizada
O tipo de festa tem ganhado adeptas por ter uma proposta diferente e alegre, além de oferecer privacidade para noiva e amigas. “A pessoa que está no ônibus enxerga quem está fora, mas quem vê o veículo na rua só consegue identificar as silhuetas. O ônibus é uma balada, só que não tem homem pra ‘chegar’ nas mulheres”, afirma Maurício Pinto Matheus, empresário da Walking Party.
A festa em quatro rodas normalmente tem três horas de duração e há veículos para alugar que cabe até 90 pessoas. “Normalmente, os mais alugados para as despedidas são os que cabem de 20 a 40 pessoas. Mas todos os veículos são equipados com pista de dança, pole dance e DJ. A pessoa ainda pode levar os comes e bebes que quiser”, explica Matheus.
O espaço também permite que a festa tenha gogo boy, drag queens e até anões fantasiados. “Tanto a drag quanto os anões podem ficar durante a festa toda com a noiva e as amigas. Já o gogo boy só fica 15 minutos”, determina Matheus. Foi o que aconteceu na despedida de solteiro da advogada D. A., 33 anos, que preferiu não se identificar.
“Foi engraçado, porque estava todo mundo bebendo e dançando quando o ônibus parou e entrou um gogo fantasiado de policial”, relembra. Na comemoração, o rapaz dançou com todas as amigas e até com a sogra da noiva. “Ele brincou com todo mundo. Depois, ele saiu e a festa ainda continuou”, relata.
Na opinião da empresária Camila Nunes, uma das organizadoras da feira Casar, a festa no ônibus é uma boa opção para quem curtir com as amigas e não gastar muito –em média, o preço varia de R$ 600 a 750 por hora. “Como o preço do aluguel, comida e bebidas é dividido entre todas que participam, a festa sai mais conta.” Parar o trânsito com uma limusine também é opção para algumas noivas. “Mas é uma celebração que sai cara, pois só o aluguel fica a partir de R$ 2 mil por hora. Sem contar as comidas e bebidas. Ao todo, a festa sai cerca de quatro mil reais”, afirma a assessora de casamentos Fátima Leonhardt.
Viagem inesquecível
Para as noivas que querem ter um momento de curtição com as amigas antes do casamento, as viagens também são uma boa opção. Nesse caso, não há como fazer surpresa para a noiva, mas é preciso verificar se todas as amigas mais próximas têm disponibilidade para a empreitada. “O turismo brasileiro é muito caro. Ir para Bahia, por exemplo, sai quase o mesmo preço de ir para Miami, portanto muitas noivas escolhem destinos fora do país”, reconhece Leonhardt.
Outro destino fora do país, mas com preços mais acessíveis é a Argentina. O local foi a opção da atriz Fiorella Mattheis, que casou com o apresentador Flávio Canto em julho último, para comemorar a despedida de solteiro. Nos casos de viagens, segundo Leonhardt, cada um paga sua passagem, mas lá fora a comemoração fica rateada apenas entre as amigas.
É possível fazer uma viagem mais simples e ainda assim reunir as amigas mais queridas. Foi numa viagem para a casa de praia do avô no Guarujá que a publicitária Camila Stecca Stefan, 28 anos, celebrou os últimos dias de solterice. “Decidi viajar, porque queria aproveitar um momento pra me divertir com as minhas amigas, dar risada e fazer bagunça sem preocupações”, explica.
Ela reuniu as madrinhas, melhores amigas, primas e irmã para ficar na casa de praia que elas já tinham o costume de frequentar. “Elas me fizeram pagar alguns micos. Fiquei usando um vestido de noiva durante todo final de semana e tinha que passar na frente dos bares, sempre com uma maquiagem mais brega que a outra”, relembra, aos risos.