Um dos grandes destaques nos desfiles masculinos internacionais para Primavera-Verão 2014 foi a estampa floral em camisas, calças e até blazers, o que indica que não é uma tendência passageira. Bem distante do estilo “Baile do Havaí”, as flores aparecem por aqui em camisas com padrões mais discretos e em bermudas que não ficam somente nos hibiscos dos anos 1980.
Três padrões florais historicamente importantes são o ponto de partida para a criação dos novos modelos que começam a aparecer nas vitrines.
1. A tradicional camisa havaiana
A camisa florida mais conhecida do mundo é o modelo “Aloha”, um dos símbolos do Havaí, nos Estados Unidos. Conta-se que este modelo foi inventado em 1930 por Ellery Chun, dona de uma loja em Waikiki, famoso bairro havaiano. Chun começou a costurar camisas coloridas para os turistas de antigos tecidos de quimono que tinha sobra em estoque. As peças ficaram conhecidas no mundo inteiro nos anos 1950, com o fim da Segunda Guerra e em filmes de Elvis Presley. Posteriormente, turistas e surfistas espalharam a moda pelo mundo.
2. Flores miúdas que vieram da decoração
Outra estampa de flores muito conhecida é o “liberty”, feita de flores miúdas. Uma das correntes ou nomes que o Art Nouveau – movimento artístico do século 19, que se inspirava nas formas da natureza aplicadas na arquitetura e design – recebeu foi “liberty”. O nome tem origem em Sir Arthur Lasenby Liberty, dono de uma loja inglesa de decoração, relógios, joias, tapetes e tecidos. Em 1884, Liberty começou a mostrar desenhos florais no estilo que leva seu sobrenome, e tecidos fabricados com esta estampa. A famosa dançarina Isadora Duncan tinha vestidos com tecidos de lá, o escritor Marcel Proust os usava em gravatas. Sua fama conseguiu sobreviver ao Art Nouveau e seus tecidos foram aproveitados por grandes estilistas como Paul Poiret, Yves Saint Laurent e Cacharel, e se tornou um clássico copiado até hoje.
3. As bermudas de surfistas
Nos anos 1960, as estampas florais voltaram à moda por causa do movimento hippie, que tinha como tema central “Paz e Amor” e impulsionou o estilo unissex na moda. No final desta década e nos anos seguintes, outra tribo começou na Austrália uma pequena revolução no vestuário: os surfistas, por conta do desenvolvimento de uma bermuda específica para o esporte. Feitas em tecidos leves como poliéster ou náilon, elas eram fáceis de secar e, ao mesmo tempo, resistentes ao desgaste provocado pelo contato com a prancha e a parafina. Em 1976, as bermudas desembarcaram nos Estados Unidos, especialmente na Califórnia. A partir de 1985, chegaram a lojas de departamento e conquistaram um público maior, até pessoas que não surfavam, mas admiravam o esporte. A estampa de hibisco é um clássico que permanece até hoje.
Um dos papéis da moda é pegar estas informações e transformar tudo em novos produtos, para criar novos desejos. Para esta temporada de Primavera/Verão, os padrões florais estão com muita força. A estampa “liberty”, mais discreta, está presente em camisas. Nas bermudas, ampliou-se o repertório de flores que vão além dos hibiscos tradicionais, tanto nas de surfistas, quanto nas urbanas. De uma forma geral, as estampas têm o colorido mais contido, o que torna o trabalho de combinar com outras peças mais fácil. Temos até as pretas, brancas e cinzas, para os que não gostam muito de cores, assim como os tons de azuis também têm destaque.
Se nos lançamentos europeus vimos a explosão de flores na moda masculina, em combinações ousadas em conjuntos de blazer, camisas e calças florais, no Brasil, a tendência é usar uma roupa com flores em destaque, combinadas com outras lisas em cores neutras.
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