O AP 1.211 tem apenas 36 m² e era a morada provisória ideal para alguém que passava por um momento de repentina mudança na rotina. Era pequeno, intimista. O diminuto espaço para reorganizar os pensamentos, a vida, mesmo que com algum improviso.
Então, o arquiteto Alan Chu foi encarregado de estudar o AP, um duplex com mezanino, pé direito duplo e fechamento lateral em vidro que passaria a abrigar um jovem empresário a procura de um ambiente para viver uma nova fase, com conforto e bastante estilo. Mas se por um lado a ideia era “improvisar” um lugar novo, pequeno e que possibilitasse uma obra de execução rápida, por outro o resultado não deveria parecer amador, pouco atrativo, nem apressado.
Quebra-cabeças
Para começar, a primeira coisa foi dar, onde não havia lugar, um lugar para cada coisa: “Usei um único elemento a fim de organizar o espaço, foram os caixotes de madeira pinus autoclavada, coloridos por dentro e dispostos de forma aleatória. Em tamanhos e profundidades variadas, as caixas dão volume e unicidade de linguagem à área social do pavimento inferior”, explica o projetista.
Com atmosfera despretensiosa, mas muito interessante, o móvel modular parece composto de elementos sobrepostos. Por não ser inteiriço, um dos blocos do mobiliário não reduz o volume total da sala e cuida em agrupar diversas funções como: despensa, cozinha e sala de estar com TV, no pavimento inferior.
O segundo bloco, como se “suspenso” no ar, camufla a viga estrutural do mezanino e abriga a parte mais alta da escada metálica em espiral, que faz a circulação entre os pisos. É um “plus”, uma continuidade estetizante da linguagem eficaz usada na área social.
Luz!
Uma das alturas do pé direito duplo é fechada em vidro, o que favorece a intensa entrada de luz natural no apartamento durante o dia. A iluminação noturna, no entanto, não é direta, e repete em sua concepção a ideia do “improviso transitório”, sem perder categoria: o investimento foi em luminárias e arandelas assinadas por designers de renome (como Jean Prouvé), além de um neon, cuja mensagem – “frágil” – bem traduz a delicadeza da ordem dos espaços interiores.
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