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  • Mulheres e anabolizantes!!!

    10 de novembro de 2013

    Coxas tão rígidas que dificultam a entrada de uma agulha. Mulheres com voz grave, maxilar largo e colesterol nas alturas. Na busca de um novo modelo de beleza, milhares de brasileiras comprometem sua saúde como uso de anabolizantes proibidos. Marie Claire investiga, na edição de novembro (já nas bancas) o que pensam, o que fazem e até onde podem chegar as garotas que fizeram dos supermúsculos um sinônimo de perfeição. E todos os riscos, de morte inclusive, que elas correm para atingir um padrão que vai contra a estrutura física feminina.

    Quem usa anabolizantes tem como referência as musas que vêm do universo da TV (são participantes de reality shows e assistentes de palco que animam de biquíni os auditórios), dos grupos de funk e do fisiculturismo. O novo biotipo tem até apelido: mulher-rã, por causa da proporção entre as pernas muito grossas (e, por isso, separadas) e o restante do corpo. O problema é que essa estética desconsidera a genética feminina, que tem níveis mais altos de gordura porque ela é necessária para engravidar. Uma mulher saudável costuma ter cerca de 25% de gordura no corpo. Abaixo dos 15%, os hormônios femininos podem parar de ser produzidos, interrompendo a menstruação e trazendo sérios riscos para a saúde. Mas são justamente esses índices quase sobre-humanos que essa tribo almeja. E, para chegar aos resultados, muitas delas não só se alimentam de maneira supercontrolada e treinam muitas horas por dia: fazem também uso de anabolizantes proibidos. Essas substâncias são parte de uma classe de hormônios (sintéticos ou naturais), na maior parte derivados da testosterona.

    Quando entra no corpo, o anabolizante diminui o efeito dos hormônios da mulher. Ela gradualmente perde as formas arredondadas, deixa de acumular líquidos e elimina gordura. “A pele adere aos músculos e as veias aparecem”, afirma a endocrinologista e nutróloga Vânia Assaly. Junto com as mudanças externas vêm as internas, perigosíssimas. No curto prazo, o colesterol entra em desequilíbrio imediato: o bom (HDL) cai e o ruim (LDL) sobe. Isso multiplica a chance de acidentes vasculares. A pressão arterial aumenta. O coração, que é um músculo, também sofre hipertrofia. No médio e longo prazo, rins e fígado são bastante comprometidos. É justamente nesse último que o esteroide é metabolizado, o que o leva a ficar “tóxico”. Em casos graves, há necessidade de um transplante. O pior de tudo: Vânia explica que muitos efeitos colaterais são permanentes, mesmo quando se interrompe o uso. “As mulheres sofrem um aumento da agressividade, ansiedade e competitividade”, afirma. “E, em pessoas que já têm a tendência, o uso de anabolizantes pode detonar transtornos psiquiátricos, como bipolaridade.”

    Mulheres e Músculos: Nova Mania Nacional
    Para entender o fenômeno, Marie Claire conversou com pessoas comuns como a estudante Ana Paula*, 21 anos, de Belo Horizonte, que começou a malhar há um ano. Pesava 50 quilos e se matriculou na academia apenas para definir suavemente as formas. O namorado, o técnico em agrimensura Marcello*, a incentivou. Rodeada por mulheres musculosas e que treinavam sem parar, entretanto, ela passou a admirar essa estética.

    Apenas dois meses depois, decidiu fazer o primeiro ciclo com anabolizantes. “Comprei a agulha, limpei e coloquei (no músculo) sem nada, só pra ver se tinha coragem. No dia seguinte, foi para valer.” O ciclo, como é chamado o período em que a pessoa usa os esteroides, durou dois meses. Ana aplicava nas próprias pernas, semanalmente, 100 ml de uma substância chamada estanozolol, um derivado sintético da testosterona usado em cavalos, para aumentar a força do animal. No Brasil, a versão para humanos da substância também pode ser encontrada, mas seu uso é controlado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Por causa das graves consequências que podem trazer à saúde, os esteroides são usados em casos muito específicos, como, por exemplo, em pacientes de câncer ou portadores de HIV que perderam muita massa muscular. “Mesmo assim, é feito de forma controladíssima”, diz o médico infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emilio Ribas, em São Paulo, referência em pesquisa e tratamento da aids. O limite é estipulado pelo próprio Conselho Federal de Medicina, que proíbe indicações de hormônios para fins estéticos ou de antienvelhecimento.

    Mas não é o que acontece no dia a dia. Ana Paula comprou os produtos com uma receita médica assinada por seu endocrinologista (que ela preferiu manter anônimo à reportagem de Marie Claire). Ele pediu exames e prescreveu remédios para aplacar os efeitos colaterais. Mesmo assim, a voz engrossou (ela é rouca até hoje), a estudante parou de menstruar, sentiu calor excessivo por vários dias, teve espinhas e viu seu índice de colesterol ruim disparar. Ao todo, gastou R$ 1,5 mil em produtos, fora as consultas médicas e exames. “As pessoas se preocupam, tem gente que acha que eu estou exagerando. O que eu fico com medo mesmo é da ‘virilização’. Algumas meninas começam a ter pelo no rosto”, conta ela. “O resto eu sei que volta ao normal.”

    Não é bem assim. Alguns dos efeitos, de fato, podem até se normalizar após um tempo – mas a endocrinologista Vania Assaly explica que não há garantia. “Se o anabolizante não for usado várias vezes, o colesterol pode até baixar e o comportamento agressivo tende a voltar ao normal. A sobrecarga do fígado também vai diminuir. Mas o volume do pescoço, por exemplo, aumenta e não volta mais”, diz ela, referindo-se a uma das principais características da “virilização”. “O maxilar também alarga para sempre.”

    Em menos de três meses, o peso de Ana Paula saltou de 50 quilos para 69. “Os músculos começam a aparecer na quarta semana. Você vê que é rápido, que aquilo nunca aconteceria se não estivesse usando a droga. É tão bom que mexe com seu psicológico, você não quer parar mais.” O segundo ciclo aconteceu de junho a setembro deste ano. Na ocasião, a coxa dela estava tão rígida que dificultava a entrada da agulha. “Doía muito. Tive de pedir para o meu
    namorado aplicar para mim, no glúteo. Ele aprendeu vendo vídeos no YouTube.” Marcelo, o namorado – que também já utilizou esteroides –, não acha que a rigidez da coxa é um indício de exagero. “Se ela começar a ficar com traços masculinos, vou achar feio. Mas está longe disso. Acho que Ana pode evoluir mais um pouco ainda”, afirma. Alheio aos riscos, ele reclama das alterações de humor da garota. “Quando ela faz o ciclo, fica insuportável. Ela passa o dia inteiro nervosa e não posso falar nada que a gente briga. E nunca pede desculpa.” A endocrinologista Vânia explica que esse comportamento é um padrão de usuárias de esteroides. “De competitivas e vitoriosas, que é o que todas buscam, elas se tornam agressivas e impacientes.”

    O Que dizem os Médicos
    Com o uso de esteróides, as chances de desenvolver câncer, especialmente no fígado, aumentam. “E como esta é uma região que recebe muito sangue, o risco de metástase é maior”, diz o médico Dr. Jomar Souza, especialista em medicina esportiva. Em seu consultório, ele recebe atletas profissionais e amadores e, nos últimos anos, um número crescente de mulheres dispostas a tomar esteroides. “Em 2000, não se via isso. De lá para cá, houve um boom de mulheres à procura dessas substâncias.” Às suas pacientes, Dr. Jomar explica que os danos permanentes não se resolvem com exames periódicos. “Não há nenhuma garantia de que os efeitos colaterais possam ser revertidos”, afirma. Além do caráter “roleta russa”, o uso pode causar dependência física e psicológica, diz. “A pessoa precisa de uma dosagem cada vez mais alta para manter os efeitos e, se para de tomar, não encontra mais o prazer que tinha ao se ver no espelho.”

    Outro efeito colateral foi o aumento do clitóris, inchado por causa dos hormônios masculinos.

    Essas mesmas substâncias podem ter efeitos devastadores numa gravidez, alerta a endocrinologista Vânia Assaly. “Pode haver má-formação fetal, alterando o desenvolvimento dos genitais do bebê”, diz. Para muitas usuárias, apenas o anticoncepcional não é suficiente para evitar a gestação. “É imprevisível a ação dos hormônios no fígado. Eles podem metabolizar de forma incompleta, anulando o efeito da pílula.” Sem contar as chances de uma menopausa precoce e osteoporose.

    Tumores Múltiplos
    O oncologista Sergio Renato Pais-Costa, cirurgião do Hospital de Base do Distrito Federal, relata casos de tumores em usuárias dessas substâncias. “Tive uma paciente jovem que precisou ser operada de tumores múltiplos causados pelo abuso de anabolizantes. Hoje ela está bem, mas poderia ter morrido por rotura dos tumores ou ter havido transformação maligna”, diz. Segundo a cardiologista Maria Janieire Alves, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor/SP), que desde 2009 pesquisa o tema, o corpo feminino sofre mais do que o masculino com o abuso de esteroides.“Na mulher, os sintomas mais comuns são a pressão arterial elevada, a dor no peito que pode evoluir para angina e infarto”, diz.

    Nada disso, entretanto, parece preocupar garotas dispostas a moldar o corpo com drogas proibidas. A endocrinologista Vânia Assaly recebe muitas em seu consultório. Além de recusar receitas, tenta dissuadi-las. “Explico os riscos, mas elas preferem ir para caixão sem nenhuma celulite.

    Arquivado em: Saúde da Mulher — Ligadinha @ 8:00

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