Em algum momento do mundo essa lenda foi criada: mulheres são inimigas, se odeiam e querem o mal da outra. Aí você tem variáveis do mesmo tema, umas dizendo que mulher é má, outras dizendo que quando mulher quer ser ruim, ela é ruim demais. Como se fosse algo ligado a gênero. E não é.
Existem pessoas más. Essas pessoas más podem ter vagina, mas também podem ter pênis. A maldade, o prazer em puxar o tapete, a vontade de ver o outro mal, a vingança, nada disso é exclusivo de um gênero. Mulheres não odeiam mulheres, não é mais difícil conviver com mulheres e não estamos o tempo inteiro competindo. Pensar assim só enfraquece o gênero. E talvez isso seja bem interessante para quem quer nos manter quietinhas, no nosso canto.
Eu já pensei assim também. Já fui uma mulher que dizia que não conseguia ser amiga de mulheres, que era difícil demais trabalhar com mulheres e toda a culpa das coisas recaía sobre meu gênero. Mas um dia parei para pensar e vi que não era verdade, era só a repetição de algo que eu havia ouvido em algum lugar. A partir do momento que você começa a desconstruir quem o mundo construiu sem que você sequer notasse, as coisas começam a mudar e você descobre que muito do que acreditava não faz o mínimo sentido. Dói se libertar disso, machuca ver que você propagou uma ideia errada por tanto tempo, mas também é libertador.
Mulheres lutam por atenção. Não, pessoas lutam por atenção. Tem pessoas de todos os gêneros que gostam de ser o centro do mundo. E tem pessoas que gostam de ficar escondidinhas, na delas. Há um equilíbrio. Quando duas pessoas que gostam de ser o centro se encontram e precisam dividir o mesmo ambiente cria-se um choque, mas isso independe do gênero.
Mulheres brigam por homens. Assim como há homens que brigam por causa de mulheres. Tudo é uma questão da importância que damos para as relações, sentimentos e quão possessivos somos. Mulheres podem até se interessar pelo mesmo cara, mas lutar com unhas e dentes por ele é besteira – assim como seria se fosse o contrário. A decisão não é só das mulheres.
Mulheres são fofoqueiras. Seria lindo se apenas mulheres falassem sobre a vida alheia e julgassem o outro. Mas não é assim. Pessoas fazem isso. Cada uma a sua maneira, com o seu tom, em voz alta ou por mensagem. Porém, pessoas de todos os gêneros fazem isso. Talvez seja só falta de assunto, talvez seja uma vida muito chata ou talvez seja o máximo de visão que a pessoa consegue ter sobre o mundo.
Mulheres são rivais. Em certos momentos, sim. Mas somos também rivais de homens em certos momentos – como em entrevistas de emprego, promoções profissionais. E isso não nos faz dizer que todos os homens são inimigos, certo?
Sororidade. Esse é um termo que fala sobre irmandade feminina. Somos iguais e juntas somos mais fortes. Se conseguirmos olhar a outra mulher, seus desafios e vitórias, sem nenhum julgamento, talvez possamos tornar nosso caminho mais simples. Se nos colocarmos no lugar da outra e percebemos que tudo o que acontece com outras mulheres pode acontecer com a gente, mesmo sem nossa vontade, tudo fica mais fácil.
Julgar, apontar as decisões e escolhas da outra como erradas, segregar e acreditar que você é diferente de tudo isso, só enfraquece as mulheres como um todo. Enfraquece você, que não quer se ver como mulher “normal” e ataca outras mulheres em vez de entender que é o mundo que faz com que você se sinta mais fraca apenas por ser mulher, mas é impossível fugir disso, você é mulher e pronto. Aprender a lutar juntas pode ser a saída para acabar com abusos, injustiças e exclusão. Juntas somos mais fortes.
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