Quando estamos conhecendo alguém, mostramos a essa pessoa o melhor de nós. Somos mais pacientes, escutamos o que o outro têm a dizer, dividimos quem somos – até certo ponto – e nos esforçamos para fazer o outro feliz.O tempo passa e as coisas começam a mudar. Assim que você conquista a pessoa, já fica mais tranquilo e deixa de se esforçar tanto para que as agendas batam, que vocês possam estar juntos o tempo todo e a paciência não é mais tanta.
Meses depois as coisas passam a ficar ainda mais difíceis. Certos assuntos irritam assim que são iniciados, aqueles defeitos que eram um charme, algo que tornava o outro adorável, se tornam insuportáveis e um pequeno deslize passa a ser relembrado a cada pequena discordância.Isso acontece com as duas partes de um relacionamento. Assim como o outro começa a mostrar a pele pegajosa de sapo, você começa a mostrar sua verruga de bruxa na ponta do nariz. Todo mundo tem defeitos, problemas para resolver e limites de paciência, mas a intimidade faz com que essas pequenas coisas aflorem de uma maneira que não deveriam.
O homem dos seus sonhos se transforma em um preguiçoso que não faz a parte dele na arrumação da casa e você se torna uma daquelas mulheres inseguras que mapeiam cada passo do marido. E no meio disso estão as situações em que um dos dois pede milhares de provas de amor, que vão de deixar de jogar futebol com os amigos até sexo anal.E essas pequenas coisas transformam um casal sorridente em uma dupla que fica em silêncio nos restaurantes, que troca olhares sem amor ou cumplicidade e que, entre os amigos, adora apontar os defeitos do parceiro em tom de piada, como se, naquele momento, você pudesse colocar para fora tudo o que guarda para você. O papo de que não importa o que é falado, mas a maneira como é falado não funciona tão bem assim.
Diariamente recebo e-mails de pessoas reclamando de suas relações, da falta de conversa, de diversão, de cumplicidade, de sexo bom, de orgasmos e, acima de tudo, de compreensão. Nos últimos tempos recebi diversos e-mails de pessoas reclamando que o parceiro não tinha interesse sexual porque estava passando por uma depressão, síndrome do pânico ou problemas no trabalho e pedindo dicas para mudar essa falta de vontade de transar. Ainda não inventaram pílulas de compreensão.
Nesses momentos vejo que a maior ajuda que posso dar é pedindo para que cada um olhe seu relacionamento de fora, se coloque no lugar do outro e pense que tipo de atitudes você gostaria de receber se estivesse em um momento como aquele. Quem tem problemas enormes não vai querer fazer sexo, quer apenas ajuda para crer que tudo vai dar certo.Cada um desses pequenos problemas juntam-se até que o conto de fadas que fez com que duas pessoas quisessem dividir a vida torne-se em um grande pesadelo. É o conto de fadas às avessas – nas histórias de criança o sapo vira príncipe e todo mundo acaba feliz.
Tornar-se uma pessoa observadora é a melhor maneira de mudar esse final infeliz. Prestar atenção ao outro e a você, notar se as reclamações não viraram um vício e tentar procurar sempre algo bom no outro em vez de apontar defeitos.Amar é fácil, mas continuar uma pessoa que alguém quer amar não é tão simples assim. A intimidade e a rotina são necessárias e podem ser positivas ao relacionamento, mas se você piscar os olhos por tempo demais elas podem engolir tudo de bom que vocês construíram e devolver com ares de filme de terror.
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