Retrospectiva 2013: 10 Momentos do ano que vão entrar para a História!!

Um ano intenso: grandes personalidades que se foram; descobertas que colocaram em xeque até as teorias de Einstein; catástrofes naturais; milhões de pessoas nas ruas, protestando; e até papa argentino! Com 2014 já está batendo à porta, vamos dar uma olhadinha nesse ano que passou a mil por hora e fazer um balanço dos acontecimentos que marcaram para sempre a História. Viaje por 2013 com a gente!

1. Morte de Hugo Chávez
Líder carismático, ícone da esquerda, político controverso que aparece até em obra de metrô e principal idealizador da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez morreu aos 58 anos, no dia 5 de março, vítima de um câncer na região pélvica. Sua morte deu fim a um dos regimes longevos – e personalistas – do continente. Nos seus 14 anos sucessivos no poder, o venezuelano peitou o governo americano, acumulou declarações polêmicas, foi acusado de corromper a democracia e, de quebra, reduziu a pobreza e erradicou o analfabetismo, o que fez da Venezuela, segundo a ONU, o país com menor taxa de desigualdade na região. Nas eleições travadas um mês após sua morte, a memória do líder populista uniu a esquerda no confronto eleitoral, elegendo seu sucessor Nicolás Maduro. Além disso, Chávez deixou um legado em toda América Latina de luta contra as políticas neoliberais, inspirando a vitória de inúmeros líderes populares nos países vizinhos, e a possibilidade de construir o chamado “socialismo do século XXI”.

2. Papa Bento 16 renuncia. Argentino é eleito novo papa
No dia 11 de fevereiro o mundo católico entrou em choque. Afinal, não é todo dia que um papa renuncia. Geralmente a sucessão ocorre após a morte do líder anterior. O alemão Joseph Ratzinger – o papa Bento 16, que sucedia João Paulo 2º desde 2005 – alegou passar por debilidade física, que o impossibilitaria de continuar a executar as funções exigidas pelo cargo. O último caso de renúncia havia acontecido em 1414, com o papa Gregório XII. Fazia um tempinho, né? 31 dias depois a fumacinha branca saiu da Capela Sistina, indicando que Habemus Papam. E para espanto de todos, o novo papa era argentino. Em quase 1.300 anos de história, o jesuíta Jorge Mario Bergoglio se tornou o primeiro líder máximo da Igreja Católica nascido fora da Europa. O novo pontífice adotou o nome de Francisco e, em meio a denúncias de corrupção da Cúria e debates sobre a necessidade de modernização da igreja, abraçou o desafio de reestabelecer a credibilidade da fé cristã em uma das maiores crises do catolicismo.

3. Terrorismo na maratona de Boston
EUA em pânico. Durante a tradicional maratona de Boston, os americanos reviveram o medo diante de um ataque terrorista, o mais grave desde o 11 de Setembro de 2001. Duas bombas artesanais explodiram, matando três pessoas – entre elas um menino de oito anos – e ferindo mais de 170. Quatro dias depois, os serviços de inteligência – em uma ação que mobilizou mais de nove mil agentes – identificaram os suspeitos: Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos, que foi morto durante um tiroteio com policiais, e Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, capturado no dia 20. Os dois, irmãos nascidos na Chechênia, são de origem muçulmana e viviam legalmente nos Estados Unidos desde 2003. Enquanto as autoridades trabalhavam, teorias da conspiração começaram a pipocar na imprensa americana. Mas segundo investigações, o atentado foi obra de um “terror doméstico”: os irmãos não tinham contato com grupos religiosos e agiram por motivos religiosos. Tsarnaev está sendo julgado e pode ser sentenciado à morte. Mas alega inocência.

4. Snowden e a espionagem americana
Edward Snowden tinha uma vida confortável no Havaí: namorada, emprego dos sonhos e um salário anual de 200 mil dólares. Trocou tudo por uma vida de fugitivo. O especialista em tecnologia, de 29 anos, já havia trabalhado para a CIA, era funcionário da empresa do setor de defesa Booz Allen Hamilton, que prestava serviço para a NSA, a Agência Nacional de Segurança dos EUA. Copiou sigilosamente uma grande quantidade de documentos ultrassecretos, disse aos seus superiores que, por motivos de saúde, viajaria para Hong Kong e nunca mais voltou, se tornando uma espécie de herói em tempos de controle digital. Snowden, hoje com asilo temporário na Rússia, é um dos responsáveis pela divulgação de documentos secretos que mostram como o governo americano monitoriza e espia cidadãos, instituições e governos de outros países. O estrago foi grande. Graças a ele, o mundo soube que o presidente Barack Obama nunca encerrou os programas de vigilância doméstica da Era Bush, que milhões de telefonemas e e-mails privados são monitorizados por agências governamentais, que os Estados Unidos espiam a missão da União Europeia em Nova York e 38 embaixadas (entre elas as de França, Itália e Grécia e dos países do Médio Oriente), que os serviços de informação britânicos espionaram o G20 e que a NSA usa parcerias com empresas telefônicas americanas para acessar redes de comunicação de países como da China, Índia, Paquistão e até mesmo do Brasil. E muitas outras surpresas ainda podem vir do computador de Snowden.

5. Prisão de Genoino, Dirceu e Delúbio
37 réus e sete tipos de acusações. Em um julgamento polêmico (veja aqui, aqui e aqui), considerado o maior da história do Supremo Tribunal Federal (STF), o processo do Mensalão entrou para os anais da política brasileira. Ao todo, 25 dos réus foram condenados. Após um ano e três meses desde o início do julgamento, o STF emitiu os 12 primeiros mandados de prisão – emblematicamente no dia 15 de novembro, data em que comemoramos a Proclamação da República. Entre eles, estava o nome do ex-presidente do PT, José Genoino, do ex-ministro José Dirceu e o do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato fugiu para a Itália, aproveitando a dupla cidadania, e vai apelar para um novo julgamento italiano. Dirceu e Genoino se apresentaram à Polícia Federal afirmando serem presos políticos e foram conduzidos ao Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Alguns dias depois, foi decretado regime semiaberto para os três.

6. Protestos contra o aumento da tarifa dos transportes públicos
As ruas tomadas. Analistas políticos não entenderam nada. As hashtags davam algumas pistas: #VemPraRua, #OgiganteAcordou, #PrimaveraBrasileira, #VdeVinagre. Uma série de protestos espalhou-se pelas principais metrópoles brasileiras. A polícia, a princípio, reprimiu violentamente. As ruas se encheram mais ainda e as manifestações repercutiram internacionalmente, sendo apontada como uma das maiores que o Brasil já viu. As primeiras mobilizações aconteceram em São Paulo, organizadas pelo Movimento Passe Livre, quando a Prefeitura de São Paulo aumentou a passagem de ônibus e metrô na capital paulista, que passou de R$ 3 para R$ 3,20. Mas não ficaram só por aí. Imagens e frases da manifestação viralizaram na internet, as ruas se encheram e, a cada protesto, mais reivindicações surgiam. As autoridades estaduais e municipais se viram obrigadas a dialogarem com os manifestantes. Entre outras coisas, São Paulo, Rio de Janeiro e mais 15 cidades reduziram a tarifa do transporte público, a Câmara aprovou 75% dos royalties do petróleo (e 50% do Fundo Social) para a educação e 25% para a saúde e o Senado aprovou um projeto que torna corrupção crime hediondo. Até a presidente Dilma teve que intervir: anunciou cinco pactos, entre eles a criação de um plebiscito para debater uma reforma política. Como se entoava em junho, #nãoéSópor20centavos.

7. Tufão nas Filipinas mata milhares
A passagem de supertufão devastou as Filipinas em uma das maiores tragédias da região. Mesmo estando localizada numa área em que fenômenos como esses são frequentes, o supertufão – batizado de Haiyan – foi considerado um dos maiores da história, com rajadas de vento de até 379 quilômetros por hora e ondas gigantescas atingindo o litoral. Até agora, as autoridades das Filipinas contabilizaram mais de seis mil mortos, 27 mil feridos e 1.779 desaparecidos. Há uma estimativa de que, em 591 municípios, mais de 16 milhões de pessoas ficaram desabrigadas pelo tufão. Os danos já passam dos US$ 803 milhões.

8. Conflitos no Egito deixam mais de mil mortos
Um caldeirão de ideologias. Assim pode ser definida a situação política do Egito. Só nos últimos meses, mais de mil pessoas foram mortas em manifestações e confrontos com as forças de segurança. Os tumultos começaram em julho, quando o presidente Mohamed Morsi foi deposto. Ele havia sido eleito há menos de um ano, após um período turbulento de protestos de massa – conhecidos como Primavera Árabe – que depôs o ditador Hosni Mubarak. A destituição do ex-presidente resultou em uma profunda divisão política do país. O governo militar provisório declarou estado de emergência, impôs toque de recolher e é acusado de perseguir seus adversários. Os confrontos entre os opositores do regime e as forças de segurança tem resultado em várias mortes e em milhares de prisões. O governo provisório do Egito anunciou que realizará em janeiro um referendo sobre uma nova Constituição para o país. A coligação de islamitas, liderada pela Irmandade Muçulmana, partido que apoia o presidente egípcio deposto Mohamed Morsi, declarou que fará uma campanha de boicote ao referendo constitucional.

9. 3º teste nuclear da Coreia do Norte
Um abalo sísmico de 4,9 pontos na escala Richter. O epicentro foi próximo ao local em que a Coreia do Norte havia realizado experimentos nucleares, em 2006 e 2009. Três horas depois, a Coreia do Norte anunciou um teste bem sucedido de um dispositivo nuclear “miniaturizado” e “mais leve”, com maior potência que os detonados no passado. Com uma retórica belicosa contra a rival e vizinha Coreia do Sul e contra os EUA, aliados sul-coreanos, o regime liderado por Kim Jong-un ficou ainda mais isolado. Depois dos testes, a ONU decidiu impor novas sanções internacionais ao regime norte-coreano. Especialistas dizem que a Coreia do Norte já tem bombas nucleares, mas ainda não desenvolveu a capacidade de colocá-las em foguetes e fazê-las chegar a um alvo distante.

10. Descoberta científica: Huge-Lqg
O astrônomo inglês Roger Clowes divulgou uma pesquisa afirmando que Einstein pode estar errado. Sim, é isso mesmo. Ele e sua equipe de astrônomos encontraram um aglomerado de quasares (corpos celestes encontrados nos confins do universo) que, além de bater o recorde de maior estrutura do universo, também abala as estruturas da astronomia moderna.  Quando Albert Einstein aplicou a Teoria da Relatividade pela primeira vez, precisou fazer algumas simplificações de pressupostos razoáveis que pareciam aplicar-se ao universo. Uma destas simplificações foi presumir que ao olhar para grandes fatias do universo, elas deveriam ser essencialmente parecidas, um princípio cosmológico chamado de isotropia. Até recentemente essa teoria havia sido confirmado por observações. Além disso, cálculos indicavam que os aglomerados mantidos unidos pela gravidade teriam um tamanho máximo, de cerca de 1,2 bilhões de anos-luz. A descoberta deste enorme grupo de quasares conectados gravitacionalmente parece colocar em xeque o conceito de isotropia e a compreensão que temos sobre como a gravidade mantém aglomerados gigantescos. Mas antes de repensar os modelos atuais padrões, são necessárias mais pesquisas e verificações.